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23 maio 2017

Vírgulas...

Hoje, no trabalho, com os pensamentos em tantos lugares, fui viajando, viajando, pensando na perda de tempo que é viver. Bem, na verdade tudo começou completamente pelo inverso: resolvi começar a VIVER. Isso mesmo: viver decentemente, fazendo o que quero fazer, etc., etc., etc…

Blá, blá, blá…

Tudo bem, estou fazendo musculação, comecei a correr, vou ter mais saúde. Comecei a comer mais decentemente, estou tomando um complexo vitamínico para ajudar a suprir as carências, até comecei a dormir mais cedo.

Pra quê? Pra que serve eu ter saúde?

Poderei viajar mais, minhas costas vão doer menos quando eu pilotar a moto, terei mais disposição. Conseguirei ir, por exemplo, conhecer uma cidade distante, pela manhã, e voltar à noite. Conseguirei fazer mais coisas pois terei mais saúde.

Pra quê? Pra que conhecer novos lugares?

Vou tirar fotos, gravar filmes, conhecer pessoas. A igreja vai ficar magnífica na foto, vou conseguir mostrar pra todo mundo o meu “olhar fotográfico”. Vou conseguir captar a imagem do pássaro lá longe com minha câmera com superzoom. Vou conseguir saber a história da cidade, o nome do prefeito, as fofocas do padre e do dono da zona.

Pra quê? Pra que serve isso tudo? 

Vou poder postar no Instagram, no Facebook, nos aplicativos virtuais. Nos mesmos aplicativos onde tenho milhares de amigos que não sabem que existo. Terei “curtidas” de pessoas que nem ao menos olharam as fotos com atenção suficiente, nem perceberam que as mesmas estavam de “cabeça pra baixo”, completamente invertidas, erradas.

Pra quê? Pra que ter aplicativos tão inúteis? 

E eu também acabo sendo um amigo ridículo de tanta gente que não merece minha amizade. Eu não vejo nada de ninguém, não curto, não comento, não existo pra eles. E o melhor então é eu ir assistir a um filme, ler um livro, ouvir um jazz.

Pra quê? Pra quer assistir filmes? 

Vão dizer que minha cultura aumentará, meu vocabulário ficará extraordinário, conseguirei falar e escrever com mais qualidade, serei admirado porque farei poesias com mais conteúdo e sensibilidade, escreverei um livro e o colocarei na estante.

Pra quê? Pra que escrever poesias?

Minhas poesias são a minha história, mas quem quer saber a minha história? Meus livros são a minha imaginação, mas quem quer saber o que penso? E se quiserem saber, pra que serviria eu contar os meus desejos, minha vida, minha loucura? Os meus sentimentos morrerão comigo.

Pra que viver?

O final disso tudo é a morte. Uma morte que apagará minha história, que esconderá o rosto de alguém que ninguém sentirá falta, que rabiscará um nome que nunca deveria ter sido escrito, um ser que nunca deveria ter sido gerado, uma alma que nunca deveria ter sido “soprada”.

Falta o fundamento. Falta o motivo. Falta a razão. Falta o sentido.

Viver pra quê? Depois que assisto ao filme fico pensando de que me serviu se não vi graça na história, se não ri das piadas, se não senti medo do sangue. Para quem contarei a história? O que me acresceu a trama? O que admirar se não consigo ver sentido na história romântica que o diretor renomado quis contar?

O mesmo acontece quando leio livros, escuto músicas, converso com pessoas. Existem algumas pessoas que nunca deveriam ter existido, são ridículas. Acho que eles pensam o mesmo de mim. Eu sou ridículo.

Dirão que me falta Deus. Dirão que me falta Esposa. Dirão que é carência. Dirão que é a crise da idade. Dirão que é o trabalho. Dirão que é a falta da família. Dirão tantas asneiras que não saberei o que é verdade e o que é mentira, mesmo sabendo que não existem verdades nem mentiras. Dirão que não tenho motivos para reclamar.

Acho que é isso. Está tudo tão bem que não vejo mais graça em nada. Nem em viver.


Jorge de Siqueira

21 maio 2017

Conselhos de um velho pai

Nesta noite eu acordei, assustado. Acho que era reflexo de algum pesadelo, mas só me lembro de ter sido demitido do emprego e não saber o futuro. Eu me lembro isso, do sonho (ou pesadelo), que eu estava "perdido" porque não tinha "futuro" profissional.

Acordei pensando nos filhos. O mais velho, formado, tem futuro onde quer que esteja, já que fez doutorado em matemática. Não pelo "doutor", mas pela profissão. Onde quer que vá morar será um professor de matemática, no mínimo.

Os outros dois filhos ainda estão em definição do futuro, apesar da idade avançada, academicamente falando.

O sonho me trouxe a realidade de que não sou nada sem a formação acadêmica, e quanto mais velho, pior será. Se eu fosse demitido hoje, o que faria? Todos os empregos que consegui foram através de concursos, ou seja, sou inteligente o suficiente para passar em concursos, mas não me formei.

Mas, quanto mais o tempo passa, quanto mais velho eu fico, mais a minha memória me trai. Estou lento para muitas coisas, mas principalmente no sentido de "paciência" eu estou ridiculamente prejudicado, pois não me concentro em nada, me irrito com pequenos barulhos e o pior é que não consigo me lembrar do que estudo.

E vocês, filhos, ficarão assim também, é inevitável.

A mensagem é: corram atrás, procurem se formar em algo que dê segurança hoje e sempre, aqui e no interior, aí e nas montanhas. Depois vocês podem até arriscar em experiências diversas, realizar os sonhos, brincar de viver, mas enquanto há juventude é bom aproveitar da "saúde".

É simples: sejam como o irmão mais velho ou como seu pai.


Saudade

A saudade dói pra caramba...